Mercados Financeiros, Nível de atividade, Política Monetária

Política monetária brasileira via Regra de Taylor simples

Atividade didática On-Line realizada pelos alunos da Turma de Economia Monetária

 

“O Brasil viveu, na década de 90, um de seus mais intensos períodos de crise, marcado por taxas de inflação extremamente altas e elevada instabilidade econômica. A introdução do Plano Real em meados dessa década levou a um processo de estabilização dos preços e acarretou em um período póstumo marcado pela retomada da prosperidade econômica. Para estipular diretrizes para a política monetária brasileira, foi criado nesse período o Comitê de Política Monetária (Copom). As reuniões realizadas por esse Comitê estabelecem a taxa de juros desejada no momento, traçando estratégias para atingi-las. Em 1999, ainda, para atingir maior estabilidade de preços, foi adotado o sistema de metas de inflação, ancorando a moeda nacional às expectativas de inflação divulgadas com credibilidade pelo Banco Central.

O Federal Reserve Bank (FED), responsável pela condução da política monetária dos Estados Unidos da América, leva em conta, segundo Frederic Mishkin, a Regra de Taylor. Essa regra afirma que a taxa de juros nominal de um país deve ser escolhida a partir da seguinte equação:

taxa nominal = taxa de inflação + taxa de juros real de equilíbrio da economia + 0,5. (gap de inflação) + 0,5. (gap do produto)

(1) gap da inflação: diferença da inflação corrente e a meta da inflação da economia.

(2) gap do produto: diferença entre renda corrente e o nível de renda natural da economia.

Pode-se, então, concluir que as autoridades monetárias devem elevar a taxa de juros em maior proporção que o aumento da taxa de inflação.

Para verificar se o COPOM leva em conta fatidicamente a Regra de Taylor na determinação da taxa de juros nominal Selic, utilizamos um gráfico da taxa de juros Selic Regra de Taylor calculada em comparação com a taxa de juros Selic observada. Para isso assumimos o seguinte (FONTE????):

  1. Como taxa de juros real de equilíbrio foi usada uma média calculada no valor de 5%¹.
  2. Os valores das metas de inflação foram encontrados no próprio site do Banco Central (COPOM).
  3. Para calculo das taxas de inflação foi utilizado o IPCA acumulado de 12 meses.
  4. O desvio do produto potencial pode ser estimado em bases como o IBC – BR ao ser comparado com uma tendência linear do próprio (média de desvio da tendência) (A fonte de onde copiaram o gráfico diz que simplesmente não consideraram o gap do produto…)

 

FONTE:  http://terracoeconomico.com.br/a-regra-de-taylor-e-clara

A partir da análise do gráfico acima, pode-se perceber que há corriqueiros desvios da Regra de Taylor na determinação da taxa de juros nominal Selic por parte do COPOM (É isso que o gráfico mostra?). No período entre 2012 e 2014 pode-se observar uma das maiores discrepâncias entre as variáveis.

(Obs: A proposta era pegar os dados e fazer as contas, não copiar sem citar a fonte. O gráfico enviado pelo grupo foi produzido por http://terracoeconomico.com.br/a-regra-de-taylor-e-clara – apenas colocar o link nas referências não deixa claro que o exercício não foi feito pelo grupo. Eu que coloquei a fonte no post do grupo para evitar plágio no blog. :-/ )

 

Referências:

Taylor, John B. (1993), “Discretion versus Policy Rules in Practice”, CarnegieRochester Conference Series on Public Policy, 39:195-214.

A Taxa de Juros Natural e a Regra de Taylor no Brasil: 2003–2015 Fernando de Holanda Barbosa* Felipe Diogo Camêlo† Igor Custodio João‡

In Republican Attacks on the Fed, Experts See a Shift By BINYAMIN APPELBAUMAPRIL 7, 2015 New York Timer

In Republican Attacks on the Fed, Experts See a Shift By BINYAMIN APPELBAUMAPRIL 7, 2015 New York Timer

http://www.bcb.gov.br/Pec/metas/TabelaMetaseResultados.pdf

https://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=1455&idioma=P&idpai=GLOSSARIO

http://terracoeconomico.com.br/a-regra-de-taylor-e-clara

https://www3.bcb.gov.br/sgspub/consultarvalores/consultarValoresSeries.do?method=trocarGrafico

http://www.scielo.br/pdf/rbe/v70n4/0034-7140-rbe-70-04-0399.pdf

 

Autores: Grupo I

27 comentários em “Política monetária brasileira via Regra de Taylor simples”

  1. Acredito que seja de interesse comentar que o próprio John Taylor, responsável pela criação da Regra de Taylor, está disputando atualmente para a presidência do FED nos Estados Unidos. A escolha será feita pelo então presidente Donald Trump que, de acordo com recentes notícias, está mais inclinado para escolher Kevin Warsh (antigamente um dos Board Governors do FED durante o governo de George W. Bush). Outro indicativo de que o economista Taylor não será escolhido é que este não se encaixa nos “moldes” de Trump.
    A atual presidente do FED é Janet Yellen. Seu modelo de decisão é considerado “dovish” (ameno), em que as taxas de juros baixas, bem como valor do dólar baixo, se fazem muito presentes. O seu maior adversário seria o próprio Kevin Warsh, mencionado acima, que aparentemente tem um modelo de decisão mais “hawkish” (agressivo, assim como John Taylor), ou seja, caso Warsh assumir a presidência do Federal Reserve, é esperado um aumento na taxa de juros e no valor do dólar.
    Fontes:
    https://www.ft.com/content/3752fe7e-a529-11e7-9e4f-7f5e6a7c98a2
    https://www.breakingviews.com/considered-view/jerome-powell-makes-for-a-goldilocks-fed-choice/
    https://www.cnbc.com/2017/10/03/yellens-exit-would-be-good-news-for-the-dollar.html

  2. Após a leitura do post, resolvi pesquisar um pouco mais sobre a regra de Taylor em si. Ela mostra que as políticas monetárias devem ser baseadas em “regras transparentes e críveis” para alcançar os melhores desempenhos e para isso, utiliza duas medidas: a diferença entre a taxa de inflação e a meta de inflação e o desvio percentual do PIB do PIB potencial. Ou seja, há 2 variáveis exógenas: a meta de inflação e o PIB potencial. Não houve o uso de econometria na construção da equação, Taylor assumiu 0.5 para ambas as medidas. Caso a inflação aumentar acima da meta, a taxa de juros básica também deve subir, isso acima do aumento da inflação para que se estabilize futuramente. Pode-se entender como uma recomendação para o banco central determinar as taxas de juros de curto prazo com o objetivo de manter a inflação baixa, evitando recessões. No Brasil, utiliza-se a variação percentual das reservas internacionais como um componente da SELIC, isso a partir de 2002. Após ler a bibliografia utilizada pelo grupo, entendi que no caso brasileiro, devemos focar nas “tendências da SELIC e da SELIC Regra de Taylor”. A SELIC Regra de Taylor é o termômetro para o banco central agir, sendo aumentando ou diminuindo as taxas de juros.

    Clique para acessar o paulo.pdf

  3. Um dos pontos que eu considerei interessante sobre a regra de Taylor é que ela pode ser utilizada como uma forma de controle sobre as políticas determinadas pelo Banco Central.
    Como Mishkin aponta existe o problema da inconsistência do tempo que faz com que interesses de curto prazo (como a redução da taxa de juros para realizar um aumento do produto e impulsionar a economia no curto prazo) sejam utilizados ao invés de interesses de longo prazo (a estabilidade dos preços). Esse problema é ainda um dos motivos pelo qual a independência do Banco Central é recomendada, pois, se estivesse no controle do governo, interesses políticos poderiam comandar as diretrizes da política monetária.
    Temos assim, a regra de Taylor como uma forma de controle sobre o que vem sendo feito pelo Banco Central e se está, de fato, de acordo com o compromisso de estabilidade de preços.
    Um estudo abordado pelo Valor Econômico fez exatamente isso. Os autores da pesquisa compararam a taxa de juros adotada pela economia e a taxa de juros prevista pela Regra de Taylor e constaram que existe um aumento da taxa de juros não correspondente com a previsão da regra de Taylor sempre que o Banco Central troca de liderança, indicando que esse aumento da taxa de juros reflete o compromisso do novo líder com a estabilidade de preços.

    Link: http://www.valor.com.br/financas/5033206/presidentes-de-bcs-sao-austeros-ao-assumir

  4. Já que estamos discutindo no texto o comportamento da taxa de juros no Brasil, encontrei um artigo que descreve como foi o comportamento da taxa real de juros no Brasil nos últimos anos. Sem dúvida a básica de juros é uma das mais importantes variáveis macroeconômicas de um país. E os bancos, responsáveis por impulsionar a economia, utilizam-na como balizador dos preços cobrados por sua mercadoria: o dinheiro. Portanto, ao analisarmos o comportamento do setor bancário ante a queda da taxa SELIC iniciada no ano de 2012 e de que forma ela foi influenciada. O Governo Federal utilizou de sua influência para baixar as taxas de juros, tanto a SELIC quando a bancária, assumindo uma liderança de preços através do controle de cerca de 40% do mercado financeiro. Contudo, foi surpreendido pela resposta coordenada dos bancos privados, que se organizaram na forma de um conluio tácito e frustraram as expectativas do governo. Uma observação importante a respeito do comportamento recente da taxa real de juros é que o patamar atual da referida taxa é praticamente o mesmo que prevalecia no momento em que se iniciou o último ciclo de elevação da taxa de juros nominal por parte do Banco Central.

    Fonte:

    Clique para acessar o Jose%20Luis%20Oreiro%202.pdf

  5. Seguindo a ideia proposta na qual a taxa nominal de juros seria influenciada, também, pela inflação, procurei informar-me sobre as perspectivas do mercado sobre seu comportamento no futuro próximo e como se relacionaria com o juros.
    Dessa maneira, encontrei dados coletados pelo Banco Central e divulgado pelo FOCUS nos quais economistas reduziram suas estimativas de inflação para o ano vigente e o próximo(2018), da mesma forma que sua previsão da taxa básica de juros deste ano. Assim como exposto no post, o IPCA reduziu sua previsão de 3,14% para 3,08%, consolidando portanto a expectativa de que a inflação deste ano ficará abaixo da meta (4,5%), a qual não é alcançada desde 2009. Relativo a 2018, a previsão do mercado financeiro para a inflação caiu de 4,15% para 4,12%.
    No caso da Selic, a previsão para este ano continuaria a mesma, de 7%. Contudo, para o próximo ano reduziram sua estimativa, de 7,25% para 7%. Correlacionando com o PIB, com a possível queda de juros e, inclusive, preços mais baixos, especialistas preveem um crescimento maior em 2018, onde subiu de 2,10% para 2,20% as expectativas.
    Nota: Ambas as fontes expõe análises sobre o mesmo tema mas, com uma diferença de aproximadamente 2 meses, as expectativas alteraram-se.
    http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2017/09/mercado-reduz-estimativa-de-inflacao-em-2017-e-2018
    https://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/mercado-estima-inflacao-menor-em-2017-e-2018-e-ve-juros-mais-baixos.ghtml

  6. Acho interessante pontuar que pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o Bacen tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao subir os juros, o Bacen atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, que a inflação está compatível com a meta.Foi o que vimos no Brasil no passado recente, até meados de 2012 , a taxa Selic no Brasil estava em 7.25%(patamar baixo , considerando o histórico brasileiro de taxas de juros acima dos dois dígitos).A partir de 2013 a pressão inflacionaria no Brasil se intensificou, tanto é que o governo congelou vários preços administrados( gasolina ,energia, transporte publico etc) para evitar um surto inflacionário elevado(tal politica é inefetiva, mas foi adotada com viés politico-eleitoral pelo governo) e ao mesmo tempo as taxas de juros Selic se elevaram para manter a inflação moderadamente controlada( o centro da meta de 4.5% não foi atingido em nenhum ano, considerando o período 2011-2015).Em 2015, ano de reajuste dos preços administrados a taxa de juros Selic chegou a 14.25%, maior patamar desde 2006, e a inflação chegou a bater 9% a.a , uma grande discrepância com relação ao centro da meta.Sendo que neste cenário de elevada taxa Selic, o investimento fica prejudicado, impedindo um melhor desempenho da atividade econômica. Mediante os expostos ,podemos perceber que mesmo que não seja oficialmente declarado o Bacen segue o recomendado pela Regra de Taylor.

    Fonte de dados para taxa Selic e taxa de inflação:

    http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/07/taxa-basica-de-juros-deve-ter-7-alta-consecutiva-nesta-quarta.html
    http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/04/inflacao-faz-copom-elevar-selic-75-primeira-alta-desde-2011.html

  7. Um texto que achei na internet comenta que os autores Teles e Brundo compararam a abordagem tradicional à estimação da Regra de Taylor a uma abordagem com medidas discretas de política monetária. A taxa de juros (tradicionalmente medida pela SELIC no Brasil) é uma medida contínua que, argumentam os autores, pode sofrer de problemas de endogeneidade. Mudanças institucionais que afetem a taxa de juros de equilíbrio de longo prazo, ou um maior crescimento econômico que leve a uma expansão da oferta de moeda por meio do crédito têm efeitos sobre a taxa de juros que não se originam da decisão do governo de combater choques inflacionários. Os autores tentam, então, isolar as determinações do COPOM que têm claramente o objetivo de conduzir uma política monetária de combate à inflação. Para tanto foram criados três indicadores discretos que assumem valores dependendo da motivação, expressa nas atas do COPOM, para a mudança de juros. O primeiro índice assume o valor 1 quando a taxa SELIC é elevada, 0 quando ela não é alterada, e −1 quando a meta é reduzida. O segundo indicador, mais restritivo, considera apenas variações “cujo motivo explicitado na ata do COPOM foi o de provocar um choque para combater uma variação inesperada na inflação corrente observada” (p.4). O terceiro é similar, mas considera não a inflação corrente observada, e sim a expectativa de inflação. Nas especificações discretas foram usados três modelos: o probit ordenado (OP), o probit ordenado dinâmico com parâmetros constantes (FP-DOP), e o probit ordenado dinâmico com parâmetros variáveis (TVM-DOP). Foram estimadas, também, especificações contínuas, tanto com parâmetros fixos como variáveis.

    Link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71402016000400399&script=sci_arttext

  8. A regra de Taylor, se seguida firmemente, mostra o quão conservador um Banco Central é. É interessante notar que no que consta ao trade-off inflação x desemprego a autoridade monetária tende a dar prioridade ao controle da inflação pois políticas fiscais e monetárias só afetam o produto no curto prazo e sem efeito, portanto, no longo prazo.
    No Brasil, apesar da estabilidade advinda do Plano Real, nos últimos anos vimos grandes variações nas taxas de inflação e consequentemente da taxa de juros, o que mostrou que o BACEN teve que atuar bastante no cenário da economia para impedir grandes flutuações.

  9. Fiquei interessado pelas metas de inflação e fui pesquisar um pouco mais sobre o assunto. O sistema de metas de inflação é um compromisso que o país assumiu em 1999, para dar segurança ao mercado sobre os rumos da economia. O governo estabelece, para cada ano, uma meta de inflação, que é uma taxa fixa que deve ser buscado. A partir desse número, é estabelecida uma faixa de tolerância – quanto a inflação real pode variar acima ou abaixo dessa meta. O sistema de metas foi adotado como segurança para evitar o risco da hiperinflação, que atingiu o país nas décadas de 1980 e 1990 e só foi freada com o Plano Real em 1994 – após os preços terem chegado a subir 82,4% somente em março de 1990.
    O principal mecanismo para manter a inflação sob controle no Brasil é a taxa de juros. Toda vez que os preços sobem acima do nível esperado, o Banco Central intervém com a elevação da taxa Selic. Isso faz o crédito ficar mais caro, e incentiva as pessoas e as empresas a gastarem menos. Se todos gastam menos, a tendência é que os preços também subam menos

    Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/01/entenda-metas-de-inflacao-e-seu-papel-na-economia.html
    e aula

  10. É muito importante entendermos o significado e importância dos parâmetros atribuídos aos gaps da Regra de Taylor, principalmente o hiato do produto, uma vez que ele seria um indicador antecedente importante da dinâmica inflacionária.
    Em um artigo artigo, o professor Braulio Borges da FGV discute que o peso atribuído ao hiato do produto é na regra de Taylor é geralmente menor do que aquele dado ao gap da inflação, uma vez que pesquisas recentes do FMI parecem ir em direção a ideia de que esse peso deveria ser maior aquele dado a inflação.
    Ele ainda discute que “(…) uma maneira de avaliar se o BC brasileiro está ou não behind the curve é observar esses gaps que fazem parte da regra de Taylor. O hiato do produto de nossa economia já está em terreno negativo há bastante tempo, desde meados de 2015, e atingiu seu ápice (em termos de efeitos desinflacionários) na virada de 2016 para 2017, pouco se alterando desde então e devendo levar alguns anos para ser totalmente consumido. Quanto à inflação esperada no horizonte relevante da política monetária (12 a 18 meses à frente), ela estava bastante alinhada ao centro da meta até março, passando a se distanciar para baixo (cada vez mais) desde então.”
    Link: http://blogdoibre.fgv.br/posts/o-bc-teve-que-correr-atras-mas-antes-tarde-do-que-nunca

  11. Encontrei um Artigo do Autor Fernando Antônio Ribeiro Soares, que discute a formação das âncoras nominais no Brasil antes e depois da implantação do plano real e de como ela foi implantada. Ele cita que na época o ajuste fiscal era necessário para controlar a inflação e que as outras fontes geradoras da mesma eram as expectativas inflacionárias e a indexação generalizada da economia. Para enfrentar esses fatores foi utilizada a âncora cambial baseada no câmbio. Até a instalação do Plano Real a política cambial brasileira era regida por constantes desvalorizações cambiais (política de minidesvalorizações cambiais) que visavam eliminar os efeitos da inflação sobre a taxa de câmbio real, que tentavam fomentar ou proteger os setores produtivos no Brasil visando a manutenção do equilíbrio do balanço de pagamentos mas na verdade essa politica se tornava uma fonte alimentadora da inflação. Essa realidade mudou com a introdução do Plano Real, em julho de 1994 que fez com que a taxa de câmbio se apreciasse consideravelmente. Foi definido pelas autoridades monetárias um limite superior para variação da taxa de câmbio, o que por si só confirma a intenção de administrá-la e, dessa forma, utilizá-la como âncora nominal. O autor ressalta que apesar de as defesas da âncora cambial terem sido eficientes, os custos da manutenção da taxa de câmbio sobrevalorizada não foram, e não são, desprezíveis. Pode-se dizer que a manutenção de uma política monetária agressivamente restritiva como forma de preservar a taxa de câmbio resultou em perdas em termos de crescimento econômico. Além disso, a necessidade da manutenção das taxas de juros em patamares consideravelmente elevados resultou em um agravamento das contas públicas, fato esse que pode ser comprovado pela realização de sucessivos e consideráveis déficits nominais e pelo aumento da dívida do setor público.

    Fonte: SOARES, Fernando Antônio Ribeiro – DA FORMAÇÃO ÀS FASES DA ÂNCORA CAMBIAL NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA DO PLANO REAL – Economia e Desenvolvimento, Recife (PE), v. 9, n. 1, 2010.

  12. O gráfico apresentado pelo grupo sugere que a equação de Taylor foi uma boa referência para a função resposta da autoridade monetária em quase todos os períodos, com exceção aos anos em destaque, entre 2012 e 2014. Os três anos em questão ficaram marcados por taxas de inflação próximas ao teto da meta (4,5% a.a.), culminando em descumprimento da mesma no ano de 2015. Uma possível interpretação para o descolamento entre Selic da Regra de Taylor e a Selic de fato é o de que o BACEN teria respondido aos gaps de inflação e de produto de maneira insuficiente. Apesar da equação proposta por John Taylor não ser diretamente empregada por bancos centrais na elaboração da política monetária, ela serve como um proxy simples da atuação da autoridade monetária. Portanto, é possível inferir do texto do Grupo I que uma política mais restritiva seria mais apropriada para os anos entre 2012 e 2014, ou seja, as taxas de juros nominais provavelmente deveriam ter sido mais elevadas do que realmente foram, do ponto de vista da manutenção da estabilidade de preços. Como a ancoragem na expectativa de inflação está associada à confiança dos agentes na gestão da política monetária, é de suma importância que o Banco Central haja de acordo com o que se espera dele.

  13. Em um trabalho de Fernando de Holanda Barbosa em que ele analisa a Regra de Taylor no Brasil durante o período de 2003-2015 ele chama a atenção para o fato de que o a hipótese de economia aberta e pequena não deve ser ignorada em trabalhos sobre política monetária no Brasil. Essas variáveis mostram-se significantes quando incluídas na regra de Taylor e relevantes no processo decisório do Banco Central brasileiro. A evidência empírica encontrada neste trabalho sugere que, durante o primeiro mandato da presidente Dilma, o Banco Central teve uma postura significativamente mais leniente do que em todos os outros anos analisados, o que ele conclui como um dos motivos que explicam a inflação ter ficado consistentemente acima da meta desde 2011.
    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71402016000400399&script=sci_arttext

  14. Com referencia ao Copom, mencionado pelo grupo no trabalho, gostaria de adicionar algumas informações :
    O Comitê de Política Monetária (Copom) foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros.A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open Market Committee (FOMC) do banco central dos Estados Unidos e pelo Central Bank Council, do banco central da Alemanha. Em junho de 1998, o Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Committee (MPC), assim como o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única em janeiro de 1999. Atualmente, uma vasta gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática semelhante, facilitando o processo decisório, a transparência e a comunicação com o público em geral.Desde 1996, o Regulamento do Copom tem sido atualizado no que se refere ao seu objetivo, à periodicidade das reuniões, à composição e às atribuições e competências de seus integrantes. Essas alterações visaram não apenas aperfeiçoar o processo decisório no âmbito do Comitê, como também refletiram as mudanças de regime monetário.
    Formalmente, os objetivos do Copom são: “implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o Relatório de Inflação”. A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a Taxa Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias.

    http://www.bcb.gov.br/htms/copom/a-hist.asp

    1. Como Gian Luca apresentou, o COPOM busca proporcionar transparência ao público. No contexto das Metas de Inflação, a qual possui como âncora a expectativa de inflação dos agentes, essa transparência é muito importante e, além dela, podemos também citar a importância da Responsabilização da Autoridade Monetária (quando a meta não é alcançada, deve explicar) e o Anúncio ao público das Metas de Inflação Quantitativas.
      Uma das maneiras do COPOM proporcionar transparência é por meio da publicação das Atas de suas reuniões. Fiquei muito curiosa a respeito de como são elaboradas e oferecidas ao público e decidi pesquisar a respeito.
      Pude perceber que todas as Atas são divididas da seguinte maneira:
      A) Atualização da conjuntura econômica e do cenário básico do COPOM
      B) Riscos em torno do cenário básico para a inflação
      C) Discussão sobre a condução da politica monetaria
      D) Decisão de política monetária:
      A última reunião do COPOM ocorreu nos dias 05 e 06 de setembro e teve uma duração de 8 horas, aproximadamente. Nesta reunião, os presentes disseram que o processo de estabilização da economia se consolidou e que o crescimento do consumo deve abrir espaço para a retomada do investimento. Ficou decidido, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em um ponto percentual, para 8,25% a.a. Além disso, consideraram importante reduzir moderadamente a magnitude da flexibilização monetária, porém, ressaltaram que “esse processo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.”
      Link de todas as atas: https://www.bcb.gov.br/?ATACOPOM
      Link da ata da ultima reunião de setembro: http://www.bcb.gov.br/htms/copom/not20170906209.pdf

  15. No Brasil, segundo uma discussão publicada no site bc, as reservas compulsórias começaram a ser utilizadas como forma de suavizar as flutuações de liquidez do sistema financeiro de longo prazo e atuar como instrumento complementar à
    taxa básica de juros. Isto, levando à ganhos de estabilidade tanto sob a perspectiva do produto e da inflação quanto da perspectiva de estabilização financeira. Dessa forma, sendo a taxa de juros o principal instrumento do BC, segundo perspectivas macroeconômicas, o regime político é determinante na condução econômica do país. Como um caso prático, podemos lembrar que em 2008, a política monetária adotada se deu como expansionista, aumentando o crédito, com uma taxa de juros abaixo da taxa estabelecida pela regra de Taylor. A manutenção dessa política em 2014/15 tendeu à divergências cada vez maiores do modelo, sendo a taxa usada ainda baixa, necessitando aumenta-la. Entretanto, aumenta-la não combateu o problema inflacionário, taxa real, já em dois dígitos.
    http://dspace.insper.edu.br/xmlui/bitstream/handle/11224/1386/Caio%20Henrique%20Dos%20Santos%20Geraldo_Trabalho.pdf?sequence=1
    http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/port/2012/12/ri201212b5p.pdf

  16. Como já dito algumas vezes em aula, a Regra de Taylor não é o único instrumento possível utilizado para se fazer Política Monetária. Apesar de importante, não é o único.
    Achei os seguintes instrumentos de PM:
    Recolhimento Compulsório, Redesconto Bancário, Operações com títulos públicos, Controle e Seleção de Crédito e Persuasão Moral.
    Fonte: http://politicamonetaria.webnode.com.br/instrumentos-da-politica-monetaria-/
    Sobre o post do grupo, acho que o gráfico poderia ter sido melhor explicado e esclarecendo a correlação “Regra de Taylor”-Selic de maneira mais detalhada.

  17. Conforme visto em sala, a Regra de Taylor é uma “regra de bolso” que traz indícios de quanto os “BCs devem subir ou baixar os juros diante de desvios da inflação em relação à meta e do grau de ociosidade ou superaquecimento da economia”. Sabemos por consequência que os Bancos Centrais não seguem a regra de Taylor como um de seus “manuais”, porém, a Regra costuma explicar de forma coerente a Taxa de juros e suas variações no decorrer do tempo.
    Outro ponto importante demonstrado na reportagem abaixo, refere-se ao efeito das expectativas de inlação sobre o comportamento dos últimos dois presidentes do BCB e o controle das taxas de juros (Correlacionadas à Regra de Taylor), onde Alex Ribeiro explica que tanto o Ilan Goldfajn quanto Alexandre Tombini, ao assumirem seus postos optaram por politicas economicas mais austeras, subindo as taxas de juros com vigor para sinalizar que seriam “implacaveis na defesa da estabilidade da moeda” e assim, colher expectativas de inflações mais baixas.
    Fontes:
    http://www.valor.com.br/financas/5038714/quem-pode-substituir-yellen-na-presidencia-do-fed-segundo-o-ft
    http://www.valor.com.br//financas/5033206/presidentes-de-bcs-sao-austeros-ao-assumir

  18. Podemos observar no gráfico apresentado que a autoridade monetária se comportou em linha com a Regra de Taylor nos últimos anos, com exceção do período entre 2012 e 2014. Em 2012 o Banco Central realizou corte na taxa básica de juros diante da queda nas projeções de crescimento das principais economias mundiais, juntamente com uma moderação da atividades interna. Em 2013 a taxa Selic chegou ao patamar histórico de 7%, tendo em vista as condições internacionais adversas e um cenário econômico pessimista. Atualmente a taxa Selic encontra-se em 8,25% (08/10/17)

    1. Procurei um pouco sobre como a taxa das Fed Funds reagiu durante a crise de 2012 e encontrei uma pequena explicação do porquê as autoridades monetárias não seguem à risca a Regra de Taylor. Basicamente, quando a situação ecônomica está normal, ou seja, não está sendo afetada por nenhuma crise, a Regra de Taylor chega muito perto de políticas eficientes. Contudo, quando a economia está em crise, como ocorreu em 2012, ela falha em ser eficiente. Um exemplo disso foi uma simulação feita em 2012 que mostra o que aconteceria se a “federeal funds rate” fosse estabelecida por uma regra semelhante à Regra de Taylor. O resultado final foi o de que as taxas iriam crescer precocemente o que ocasionariam desvios prolongados da taxa de desemprego acima do nível normal de longo-prazo, sem nenhuma vantagem ao tentar manter a taxa de inflação perto dos 2%.

      Fonte: https://www.federalreserve.gov/newsevents/speech/yellen20121113a.htm

  19. Para Taylor, a política monetária deve ser guiada por regras para atingir um melhor conjunto de desempenho, que é medido pelas taxas de inflação e variação do crescimento econômico por meio de uma função de reação para o comportamento das taxas internas de retorno.
    O comportamento das taxas de juros pode ser explicado por uma relação linear com a taxa de inflação, uma taxa de juros de equilíbrio e a diferença entre a taxa de inflação de sua meta de acordo com o desvio percentual do PIB com o potencial.
    Quando a inflação esperada se eleva acima da meta estabelecida pelo Bacen, a regra de política requer que a taxa de juros aumentem proporcionalmente mais do que um, ou seja, um aumento na inflação esperada leva o Bacen a elevar mais ainda a taxa de juros, aumentando a taxa de juros real e contraindo a economia.

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  20. Analisando um artigo presente no site do Banco Central, é possível entender que a avaliação do sistema usado no Brasil vai além do fato da autoridade monetária ter atingindo ou não a meta nos respectivos anos.
    Para tomar a decisão a respeito das políticas monetárias, o Banco Central realiza a leitura e a avaliação das atas das reuniões do Copom a partir da adoção do sistema de metas que tornem possível identificar as variáveis relevantes.
    A mensuaração de uma função de reação é feita levando em conta a estrutura proposta por Taylor (1993), com suas devidas modificações. Porém, essas especificações e modelos passam a ser testados ao longo do tempo, buscando aumentar o conjunto de variáveis que influenciem as decisões do Copom na determinação da taxa Selic, com base nos indicadores contidos nas atas. Os choques sofridos pelo Brasil nos anos de 2001 e 2002 fizeram com que a previsibilidade das decisões do Comitê ficasse mais dificil, devido as metas serem alteradas num espaço mais curto de tempo que o habitual e a existência de incerteza sobre as conseqüências de uma elevada desvalorização cambial sobre os preços, gerando dúvidas em relação ao sistema.

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  21. Como o gráfico apresenta, as taxas de juros brasileiras estiveram de acordo com a Regra de Taylor durante praticamente todo o período apresentado com exceção dos anos 2012 e 2013, o que pode ser simplesmente fruto de um erro na condução da política monetária por parte do Banco Central. Outro ponto importante é que não parece haver um problema de inconsistência temporal no cenário político-econômico brasileiro.

  22. Há a crítica pós-keynesiana, onde a moeda, ao invés de neutra, tem enorme importância para a realização dos investimentos. Por um lado, é a disposição do sistema bancário de se tornar ilíquido (Keynes, 1937, a, b, e c) que garante que o investidor conseguirá condições de empréstimos apropriadas, uma vez confrontadas com a rentabilidade esperada do capital, para concretizar sua decisão de investimento. Trata-se, segundo Keynes, do motivo finance de demanda de moeda. Por outro lado, a consolidação ou o funding do investimento depende da preferência pela liquidez dos poupadores. Só se ela for reduzida é possível contar com empréstimos de longa maturação para converter as dívidas de curto prazo, tomadas nos primeiros momentos do investimento, em dívidas compatíveis com seus prazos de maturação. Só, portanto, condições monetárias favoráveis, em termos de reduzida preferência pela liquidez dos bancos e dos poupadores, garantem o crescimento do investimento e então da produção, da capacidade de produção e do emprego na economia.

    Para a heterodoxia pós-keynesiana, portanto, a operacionalização do regime de metas, ao aumentar os juros, reduz tanto o produto efetivo como o produto potencial, ameaçando a produção, a capacidade produtiva e o emprego.

  23. No Brasil, segundo uma discussão publicada no site bc, as reservas compulsórias começaram a ser utilizadas como forma de suavizar as flutuações de liquidez do sistema financeiro de longo prazo e atuar como instrumento complementar à
    taxa básica de juros. Isto, levando à ganhos de estabilidade tanto sob a perspectiva do produto e da inflação quanto da perspectiva de estabilização financeira. Dessa forma, sendo a taxa de juros o principal instrumento do BC, segundo perspectivas macroeconômicas, o regime político é determinante na condução econômica do país. Como um caso prático, podemos lembrar que em 2008, a política monetária adotada se deu como expansionista, aumentando o crédito, com uma taxa de juros abaixo da taxa estabelecida pela regra de Taylor. A manutenção dessa política em 2014/15 tendeu à divergências cada vez maiores do modelo, sendo a taxa usada ainda baixa, necessitando aumenta-la. Entretanto, aumenta-la não combateu o problema inflacionário, taxa real, já em dois dígitos.

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  24. Com relação a regra de Taylor mencionada no texto, acho interessante destacar algo que foi dito em aula a respeito dela não possuir características de uma regra normativa na qual se deve seguir a risca sempre.

    Os resultados obtidos com essa equação funcionam mais como recomendação de qual taxa de juros de curto prazo praticar no intuito de manter a inflação dentro do seu regime de metas. Mas contextos históricos e culturais, bem como atual situação financeira do pais, também devem ser consideradas .

    A regra de Taylor também pode ser útil em uma analise histórica sobre quanto a taxa de juros praticada em determinada época se distanciou do que seria ideal segundo essa regra, podendo nos oferecer um indicio de quanto engajada estava a autoridade monetária no estabelecimento de medidas referentes a controle de inflação e estabilidade.

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